Sergio Pardal Freudenthal é advogado e professor universitário, especialista em Direito Previdenciário, atua há mais de três décadas em Sindicatos de Trabalhadores na Baixada Santista.

As contrarreformas serão necessárias

Na reconstituição do nosso Estado Democrático de Direito será muito importante o Direito Social, especialmente nas relações de trabalho e Previdência Social.

As torpes intenções do atual desgoverno são bem claras; e com o roubo de quase um bilhão de reais do INSS ficaram inegáveis. A violência do neoliberalismo contra o Direito Social nas últimas três décadas precarizaram as relações de trabalho e as garantias previdenciárias. Com a pandemia destruindo as vitrines em todo o mundo, a Civilização volta a exigir regras que humanizem as relações entre Capital e Trabalho.
Assim, o Mundo Velho, libertando-se um pouco do domínio estadunidense, começa a discutir as contrarreformas, a reinstituir o Estado do Bem-Estar Social construído após duas Grandes Guerras. É preciso conter os gritos dos dois lados: nem será uma revolução socialista, como temem neoliberais arrependidos, mas deverá recompor as relações civilizadas e formais de trabalho, nas formas antigas ou com modernidades, buscando o máximo de garantias para o lado mais fraco, por princípios da Civilização.
Conforme tenho repetido bastante, o mundo inteiro passa por duas guerras, contra o coronavírus e contra o fascismo. E a resposta sempre será a Ciência e a Civilização. Em nosso país, as batalhas são duras, e neste ano serão fundamentais e definitivas. Precisamos derrotar o fascismo e resistir às suas maldades. Vamos recuperar nosso Estado Democrático de Direito, com toda a importância ao Direito Social.
A pandemia demonstrou as obrigações do Estado, em Saúde, Educação, Habitação e Saneamento Básico. A economia, após a catástrofe (dupla, para nós), exigirá a recomposição das garantias para os hipossuficientes, para a parte mais fraca. Assim, a precarização nas relações de trabalho em nosso país, culminando com situações informais vergonhosas, próximas à escravidão, tem que ser combatida; e por todos que defendem a Civilização.
A Previdência Social, compulsória e contributiva, depende das relações formais de trabalho e deve retornar às suas funções sociais de origem, garantindo o segurado em condições próximas a que teria em atividade, abrindo o mercado de trabalho com a efetiva aposentadoria dos trabalhadores e distribuindo renda em todo o Brasil.
Por isso, a contrarreforma no campo trabalhista e previdenciário será urgente.