Sergio Pardal Freudenthal é advogado e professor universitário, especialista em Direito Previdenciário, atua há mais de três décadas em Sindicatos de Trabalhadores na Baixada Santista.

Empréstimo consignado no Auxílio-Brasil

Mesmo com juros altíssimos, dos grandes bancos, apenas a Caixa Econômica Federal topou o negócio.

Os empréstimos consignados são a alegria dos bancos. Mesmo com as garantias sobre os benefícios previdenciários da vítima, ainda cobram juros altíssimos, ultrapassando 50% ao ano.
O empréstimo consignado para aposentados e pensionista sempre foi uma baita sacanagem. Os bancos lucrando muito, cobrando juros altos e sem riscos de inadimplência. Esse advogado sempre disse que tais dívidas só complicam ainda mais a situação do trabalhador. As dívidas, se não forem para ajudar filhos ou netos, são, na grande maioria das vezes, para cobrir a sobrevivência do beneficiário, o que deveria ser feito com a aposentadoria ou pensão. Ou seja, a resposta correta seria a recomposição dos benefícios, bastante defasados pela inflação oculta, e não empréstimo bancário para comprar o jantar.
Quem lucra mesmo com isso são os bancos que nem mesmo reduzem os juros escorchantes. Sempre uma boa parte dos juros cobrados seria para cobertura de inadimplências. Ora, com os empréstimos consignado aos proventos garantidos pelo INSS, uma boa parte dos juros não deveria ser cobrada. Isso sem contar os golpes que acontecem, com empréstimos consignados que nunca foram solicitados pelo trabalhador, virando então devedor.
Com portaria do ainda atual desgoverno, regulamentando os consignados sobre a mixaria do Auxílio Brasil, dos grandes bancos, apenas a Caixa Econômica Federal topou participar da negociata. Mesmo com juros acima de 50% ao ano, os grandes bancos não vão se arriscar. Apenas a Caixa, atualmente famosa por diretorias torpes, respondendo por assédios de todo tipo, aceitou entrar nessa falcatrua.
De qualquer forma, os empréstimos consignados, seja sobre as aposentadoria e pensões, seja sobre o Benefício de Prestação Continuada, assistencial, ou agora sobre o Auxílio Brasil, deveria ter juros bem mais baixos, sem a necessidade de cobrir inadimplências.
Da mesma forma que a antecipação do 13º salário, prevendo um Natal bem pobre, os empréstimos são ilusões que o desgoverno apresenta, com fins eleitoreiros e colocando algum dinheiro em circulação, mesmo que seja empobrecendo ainda mais os mais pobres.
Com o próximo governo, com certeza, ao invés de ampliar a distribuição de empréstimos consignados (para regozijo apenas dos banqueiros), vamos recompor os valores das aposentadorias e pensões, e inclusive o do salário mínimo.