Sergio Pardal Freudenthal é advogado e professor universitário, especialista em Direito Previdenciário, atua há mais de três décadas em Sindicatos de Trabalhadores na Baixada Santista.

As mulheres conquistam direitos

No campo previdenciário, as mulheres conquistam direitos, inclusive para os maridos, como a pensão por morte na Constituição de 1988.

Até 1988, apenas as viúvas tinham direito, no sistema previdenciário, à pensão pela morte do marido. A Constituição Cidadã incluiu os viúvos em tal benefício, e o colunista não tem qualquer dúvida em dizer que se trata de uma conquista das mulheres. Participando do orçamento familiar, em sua luta no mercado de trabalho, as mulheres passaram a dividir a dependência econômica – o marido também passou a ser dependente econômico da mulher segurada –, gerando o direito aos homens.

Apesar de tudo, as mulheres vêm sofrendo graves perseguições aos seus direitos. Bom exemplo foi a alteração da idade para suas aposentadorias, de 60 para 62 anos, pela EC 103/2019. A tecnocracia (adora números), há muito tempo apresenta estatísticas dizendo que as mulheres vivem mais tempo, e, “portanto”, inexistem razões para se aposentarem antes dos homens e/ou com menos tempo de trabalho. Se tudo se resumisse a números, no mínimo seria necessário observar que a tal diferença vai se reduzindo; além disso, para que elas cumpram as mesmas exigências dos homens, é preciso lhes garantir os mesmos direitos, efetivamente, em todas as áreas, trabalhista, empresarial, política, familiar e tudo o mais.

Depois de espalharem a ridícula história das “jovens viúvas” – que estariam casando com aposentados moribundos para ficarem com as pensões – os tecnocratas conseguiram, em 2015, colocar na lei uma tabela de períodos em que o(a) viúvo(a) receberia o benefício, de acordo com a idade em que teria enviuvado. E a tabela ainda se modifica com o aumento da expectativa de sobrevida pelo IBGE (falei sobre isso em 07/01 último).

Com o Direito Social sofrendo graves reduções desde o final do século passado, com o nosso Estado de Direito tão abalado desde o golpe em 2016, a luta das mulheres adquire cada vez mais importância. Voltaremos ao tema.