A publicidade mancha o esporte
Publicado na Tribuna Livre em 07/08/2025. Crítica à publicidade de bebidas alcoólicas e de jogos de azar, especialmente no esporte.
Todo mundo sabe que o esporte, profissional ou amador, depende bastante do patrocínio, com consequente publicidade. Forma-se uma relação direta entre o produto anunciado e os atletas patrocinados. Entre amador ou profissional a fronteira é tênue, em especial, quando instituições públicas e prefeituras se “acham” times, “contratando” atletas semiprofissionais mediante “ajudas de custo”. Deixam de cumprir sua função correta, formação de cidadãos e não apenas vitórias nos campeonatos. De qualquer forma, o patrocínio é importante e significa propaganda de algo.
Tudo bem uma marca de automóveis, uma construtora, uma universidade, eletrodomésticos, roupas ou sapatos, ou o melhor jornal, fazerem publicidade, mas não tem sustentação anunciar bebidas alcoólicas ou jogos de azar. Os amigos sabem que esse advogado aprecia, socialmente, é claro, uma boa cerveja gelada ou uma cachaça de qualidade, e também sabem que me oponho radicalmente aos anúncios, principalmente em relação aos esportes. O álcool, como todas as outras drogas, inclusive jogos de azar, vicia e causa problemas físicos, psicológicos, sociais e econômicos, e se já nos livramos da propaganda do tabaco, “levar vantagem em tudo”, assim se deve fazer com as bebidas alcoólicas, mesmo as de “baixo teor”.
Como bom senso e ética não são o forte da publicidade, precisamos ter leis proibindo anúncios de drogas e jogos de azar, especialmente para esportes. Aliás, as “bet da vida” precisam urgentemente de regulamentação, com impostos pesados para que o Estado possa compensar os males causados pelos vícios.
Proibições de jogos de azar, como dos “bingos da vovó”, não vão resolver. A histórica, tenebrosa e incompetente “guerra às drogas” comprova isso. Regulamentem-se os vícios, que devem ser combatidos na publicidade, pagando impostos para o Estado defender seus cidadãos. Proibidos devem se a publicidade e as corrupções, como nos “cartões amarelos”.
Vícios não são novidade na sociedade, nem mais ou menos prejudiciais em tempos diferentes. Para evitá-los ou reduzir seus riscos precisamos de publicidade a favor da ciência e não de drogas como álcool ou jogos de azar. Sem qualquer dúvida, a bebida alcoólica não ajuda ninguém, nem os atletas, em nada, e nos jogos de azar só quem ganha é a banca. Os anúncios que atualmente se apresentam durante os jogos de futebol são vergonhosos.